ATA DA QUADRAGÉSIMA QUINTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 07-12-1999.

 


Aos sete dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezoito horas e vinte e oito minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Omar Lima Dias, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 36/99 (Processo nº 1292/99), de autoria do Vereador Reginaldo Pujol. Compuseram a MESA: os Vereadores Luiz Braz e Reginaldo Pujol; o Senhor Carlos Janes Aquistpasse, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Ney Leite Xavier, Presidente do Conselho Deliberativo do GBOEX; o General de Brigada José Carlos de Nardi, Comandante da Artilharia Divisionária da 6ª Divisão de Exército, representando o Comando Militar do Sul; o Senhor Paulo Rene Bernhard, Presidente da Fundação dos Rotaryanos de Porto Alegre; o Senhor Omar Lima Dias, Homenageado. Ainda, durante a Sessão, foram registradas as presenças, como extensão da Mesa, dos Senhores Antônio Carlos Carneiro, Egeu Corrêa de Oliveira Freitas, Raul Regis de Freitas Lima, Walter Polli, Décio Rubim e de Marili Rodrigues, representante do Deputado Onix Lorenzoni. Após, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome das Bancadas do PFL, PSDB, PMDB, PSB e PPS, discorreu sobre o significado do título hoje entregue, como o reconhecimento deste Legislativo ao trabalho realizado pelo Senhor Omar Lima Dias em prol de Porto Alegre, atentando para a participação da família do Homenageado na realização profissional e pessoal de Sua Senhoria. O Vereador Luiz Braz, em nome da Bancada do PTB, afirmou ser o Senhor Omar Lima Dias exemplo de ser humano capaz de "sacrificar sua própria segurança, seu próprio conforto, a fim de que a sociedade ideal, que todos almejamos, possa ser alcançada", destacando a sua atuação como Presidente do GBOEX. O Vereador Pedro Américo Leal, em nome da Bancada do PPB, saudou o Homenageado, relatando dados da vida profissional de Sua Senhoria, primeiramente na área militar e, após, na vida civil, e declarando ser ele um dos maiores responsáveis pela revitalização empresarial observada no GBOEX. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou o Vereador Reginaldo Pujol e o Senhor Carlson Janes Aquistpasse a procederem à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Omar Lima Dias e, após, concedeu a palavra ao Homenageado, que agradeceu o título recebido. Também, a Senhora Maria Regina Pujol procedeu à entrega de flores à Senhora Giselda Dias, esposa do Homenageado. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezenove horas e trinta minutos, convidando para coquetel a ser realizado a seguir e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz e Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Reginaldo Pujol, Secretário "ad hoc". Do que eu, Reginaldo Pujol, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 2º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Sr. Omar Lima Dias.

Convidamos para compor a Mesa o Sr. Carlson Janes Aquistpasse, representando o Senhor Prefeito Municipal; o Sr. Ney Leite Xavier, Presidente do Conselho Deliberativo do GBOEX; o representante do Comando Militar do Sul, General de Brigada José Carlos de Nardi - Comandante da Artilharia Divisionária da 6ª Divisão de Exército; o Presidente da Fundação dos Rotaryanos de Porto Alegre, Sr. Paulo Rene Bernhard.

Convido todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra e falará em nome do PFL, PSDB, PMDB, PSB e PPS.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Saúdo, neste momento, o Sr. Omar Lima Dias, com muita satisfação, gratificado em tê-lo nesta Casa, nesta tarde festiva, que se engalana para que se realizem os atos formais destinados a cumprir o decidido pelo PLL nº 036, do corrente ano, que, apoiado pela unanimidade da Casa, enseja a possibilidade da realização desta solenidade, que tem a finalidade precípua de formalizar a decisão do Legislativo da Cidade.

É evidente que, na homenagem que hoje se realiza, se encerram realizações pessoais, afirmações, sucessos, enfrentamentos, obstáculos, superações e, sobretudo, fé.

Eu não acredito que alguém possa ter melhor aliado no enfrentamento dessas dificuldades, que a cada um de nós se antepõe a todo instante e a todo momento e não entendo onde se possa buscar melhor solidariedade senão no âmbito da família.

Por isso, Cel. Omar, me permito, neste momento significativo e de reafirmação às suas qualidades pessoais, à sua capacidade empreendedora, à sua liderança, incluir, na homenagem, a sua esposa Gizelda Maria Brito Lima Dias. Eu tenho o prazer de saudá-los, nesta hora, porque sei que é ela e seus filhos, o Omar e a Marilucy, que representam um patrimônio muito valioso que o senhor conserva com muito carinho e que foram, ao longo do tempo, estímulos presentes e conseqüentes no desenvolvimento das suas tarefas.

Diz o grande pensador Ortega Y Gasset que o homem é um ser e as suas circunstâncias. Dessa forma, Dr. Bachinni, se homenageia, hoje, aqui, uma circunstância de uma vida, uma vida toda ela pontilhada por afirmações que qualificam o trabalho e justificam, com dignidade, uma existência.

É evidente que, na circunstância presente do Coronel Omar Lima Dias, está presente o GBOEx , cuja Diretoria Executiva ele preside. Mas se nós fôssemos buscar a circunstância existencial do Coronel Omar, este mestre em administração, este consultor de empresa, este militar da reserva, nós cairíamos, professora Marilu, sem sombra de dúvida, nas suas origens e, certamente, remontaríamos à cidade de São Borja, ao Colégio Júlio de Castilhos, à Escola Preparatória de Porto Alegre e tudo aquilo que, ao longo de tempo, foram etapas e, progressivamente, foram sendo enfrentadas pelo Coronel Omar ao ponto de chegar à afirmação e à consolidação do prestígio que hoje indubitavelmente ele goza na sociedade porto-alegrense. Certamente que não descartaríamos, de forma nenhuma, na formação de toda esta circunstância existencial, algumas coisas que sempre caracterizaram a fé, o determinismo, a empolgação, o espírito de agregação que caracteriza o perfil de Omar Lima Dias. Certamente que, ao vasculhar a sua circunstância existencial, um determinado momento, com toda a certeza, nós haveríamos de remontar no tempo e retroceder a 1959 e 1960 e vê-lo como integrante da Unidade Brasileira, famoso Batalhão Suez, a força de emergências das Nações Unidas na localidade Rafah, no Egito e na Faixa de Gaza, onde, por certo, o determinismo dá lugar a uma reflexão. Eu bem sei, e tive o privilégio de sabê-lo em função do relacionamento pessoal com o Coronel Omar, que nessa missão que a Pátria lhe reservou, missão de paz, o mesmo foi compelido, em um determinado momento, a ficar num determinado ponto do deserto por longo período de seis meses e que, em face da sua capacidade de bem coordenar as atividades de observador de paz que lhe determinavam estar tão longe da Pátria, face a essas qualificações, essas habilidades, a essa competência, esse determinismo, lhe foi atribuído um prêmio, um notável prêmio, de deixá-lo mais dois meses naquela posição, porque ele era o único dos oficiais brasileiros que, pela experiência adquirida durante aquele período, tinha condições de comandar um grupo de homens, longe da Pátria, longe da família e, por que não dizer, naquele momento, longe da civilização, já que colocado em um lugar ermo do deserto, com milhas de areia em torno de si, a zelar por algo que para muitos poderia parecer absolutamente inconseqüente. Seria o caso de perguntar: mas o que fazem aqueles brasileiros perdidos no deserto, zelam por o quê? Zelavam pelos compromissos que nós, enquanto País soberano, havíamos assumido com as Nações Unidas e zelavam com um objetivo muito mais amplo, pelo qual todos nós temos compromisso que é manter a paz e a harmonia entre os homens.

Pois, Coronel, quando amigos comuns nossos, entre os quais o Getúlio Luz, hoje aqui presente, me sugeriram a apresentação, à consideração dos nossos Pares, do seu nome como Cidadão Honorário de Porto Alegre, eu vivi também as minhas circunstâncias, porque o meu lado, ao cumprir o mandamento regimental, o primeiro apoio que fui buscar, eu recebi, - o senhor sabe disso -, não uma reclamação, mas percebi uma estupefação diante do Vereador-Presidente, Luiz Braz, que não deixou, mesmo na sua fidalguia, de demonstrar alguma contrariedade por não ter sido ele, seu amigo pessoal, o proponente desta iniciativa. Num segundo momento, eu procurava aquele que é de todos nós, aqui, pela sua experiência, o grande guru, o grande Líder, o Ver. Pedro Américo Leal, e ele, com aquela sua indescritível condição de grande comandante, deu a determinação e sancionou o Projeto dizendo: “este foi meu aluno, deste eu conheço as qualidades, eu faço questão de acompanhá-lo nesta empreitada”. E, na minha circunstância de proponente que havia sido estimulado por amigos, sem querer, criava essa espécie de meia traição ao grande amigo que é o Ver. Luiz Braz. Nessa circunstância, fui enfrentando um a um dos integrantes da Casa e qual não é minha surpresa, independente de representação político-partidária, o Projeto, ao ser apresentado, já tinha a sua aprovação assegurada, já que, regimentalmente, os Projetos só podem ingressar, nesta Casa, se tiverem o apoio de todas as Lideranças, que já haviam se solidarizado conosco. E junto a elas, a maioria dos seus liderados, o que aumentava de muito os dois terços exigidos para aprovação desse tipo de proposição e que se aproximava daquilo que, ao final, se consagrou a unanimidade da Casa, que, num determinado dia, inspiradamente, nos acompanhou, a mim, ao Ver. Luiz Braz, ao Ver. Pedro Américo Leal e transformou, por unanimidade, a nossa proposição num Projeto de Lei que gera a outorga que, agora, iremos realizar.

Permita-me dizer, Coronel Omar, ao Senhor que tem esta vida tão rica de afirmações como militar, como empresário, como consultor de empresa, como líder do segmento segurador no Rio Grande do Sul, além de lhe agradecer, de ter-nos permitido, com seu exemplo, deixar escancarado à opinião pública que o legislador de Porto Alegre não perde a oportunidade de gizar, de assinalar e de estabelecer, com letras das mais marcantes possíveis, os bons exemplos que esta Cidade produz, para que as novas gerações, Cel. Xavier, possam se inspirar nesses exemplos, tanto que entendemos que o que move o mundo, mais do que a retórica, é a ação, o exemplo e a postura.

Além de lhe agradecer por isso, Coronel, eu lhe diria que o Senhor, hoje, está colocado na Presidência da Diretoria Executiva do GBOEX, grupo segurador gaúcho, em um momento extremamente importante. Eu lhe falo com a certeza de que estou falando perante uma platéia das mais qualificadas. Ninguém desconhece as profundas transformações que o mundo, após a queda do muro de Berlim, está vivendo. Ninguém desconhece as transformações que, com tropeços e contratempos, estão ocorrendo aqui no nosso País. Ninguém desconhece que neste mundo moderno, no mundo do ano 2000, um segmento da atividade humana está a merecer um descortino muito grande da parte dos seus líderes e de seus realizadores. Para nós, brasileiros, não nos surpreende se dissermos que a previdência, num País imprevidente, é, sabidamente, o grande desafio que o próximo milênio nos apresenta, com uma sociedade que se modifica, que se transforma, onde a longevidade passa a ser um apanágio que nos alegra, onde a queda da mortalidade infantil é absoluta e mensurável. Nesse mundo, a previdência passa a ser o desafio das lideranças políticas, sociais, econômicas, e que tem de ser enfrentado com competência e com descortino. Esse mundo gera a importância do mercado segurador, que hoje é captador de 2,4% do PIB brasileiro, num crescimento, na última década, insuperável por qualquer atividade econômica no País. Esse mundo em transformação, e esse mercado em crescimento, é um mercado que aguça - e o faz em profundidade - interesses até mesmo alienígenas.

Nós, que somos defensores de uma atividade de competição, e que gostamos de reconhecer no mérito, no sucesso e na realização pessoal, o atributo impulsionador do caminhar da humanidade, sentimos, com muita alegria, e sobretudo com muita fé, que aqui no Rio Grande do Sul, na extremidade meridional da Pátria, existe uma instituição com a tradição do GBOEX, com a sua credibilidade e com a competência dos seus dirigentes. Aliada essa tradição com a competência, certamente poderemos enfrentar essa realidade da transformação do milênio, e o fazermos com competência, nos impondo, nos espaços que surgem, não por determinação de qualquer regulamento, mas sim, porque eficiente, sábia e determinadamente ocupamos essas atividades e o fizemos com descortino de homens como o Sr. Coronel Omar, que se afirmou perante todo o País, como uma das figuras mais qualificadas da área de seguros, especialmente, no desenvolvimento da previdência privada neste País.

Se não bastasse isso, Coronel, eu não entendo possível que alguém realize alguma coisa na vida, e o Dr. Bachinni que é o meu mentor em todos momentos, desde a minha adolescência, sabe o quanto é verdadeira o que vou afirmar: nada na vida se faz se não tivermos fé naquilo que fazemos; ninguém realiza bem aquilo no qual ele não acredita. Ninguém faz bem aquilo em que acredita, se ele não tiver a capacidade de agregar em torno de si, de uma forma abrangente, companheiros de jornadas guiais, tão competentes e tão resolutos, como si, e que se intercambeiam, entre si, princípios que dizem respeito à coisa mais valorosa da alma humana, que é a lealdade.

O Senhor, não me perguntem por que, Porto Alegre sabe e seus companheiros de jornada sabem melhor ainda, nada faz na vida que não seja de forma leal, de forma alta, que não seja de forma digna. Então, ao leal, ao determinado, ao competente, ao vitorioso, ao bem-sucedido empresário, ao militar que honrou a verde-oliva farda do Exército Brasileiro, a esse homem tenho orgulho e agradeço a Deus pela inspiração e aos amigos pela sugestão de ter apresentado seu nome à consideração desta Casa e, com isso, conquistado um ponto na história de Porto Alegre, eis que, a galeria de Cidadãos Honorários desta Cidade fica enriquecida com seu nome, fica qualificada com seu nome. Permite a nós, Vereadores desta legislatura, o Ver. Pedro Américo, o Ver. Luiz Braz, a todos nós dizermos: reconhecemos os bons exemplos e apresentamos à consideração da Cidade.

Ele, Omar Lima Dias é o exemplo que Porto Alegre reconheceu e consagrou como seu Cidadão Honorário. Meus cumprimentos e as nossas homenagens. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: Esta é uma Sessão especialíssima. Temos presentes dois Vereadores, que me acompanham neste Plenário, que são dos mais experientes parlamentares do Rio Grande do Sul. Eles têm servido de guia, para todos que militamos na Câmara Municipal, para que as atitudes possam ser tomadas em favor de Porto Alegre. Tanto o Ver. Reginaldo Pujol, proponente desta homenagem, como o Ver. Pedro Américo Leal, são Vereadores que merecem todo o carinho da população de Porto Alegre.

O Ver. Reginaldo Pujol, o autor desta homenagem, está numa condição de Vereador e tem uma Assessoria das mais privilegiadas: sua esposa Regina, sempre esforçando-se para que o meu amigo Reginaldo Pujol caminhe pelas sendas da vida com muita segurança. Ela, presente, prestigia seu marido, naquela união familiar, fazendo com que esta homenagem seja da família. Tenho certeza, Ver. Reginaldo Pujol, sua proposição é para um homem que serve de exemplo para todos os cidadãos do Rio Grande do Sul.

Solicito ao Ver. Reginaldo Pujol que presida a Sessão, para que eu possa pronunciar-me.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Luiz Braz está com a palavra, pela Bancada do PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A Câmara cumpre com suas funções no momento em que, pela totalidade de seus membros, confere ao Sr. Omar Lima Dias o título de Cidadão de Porto Alegre. O Ver. Reginaldo Pujol teve a felicidade de ser o autor desta honraria e, por esse motivo, também merece os cumprimentos de todos nós, pelo seu descortino.

Coronel Omar, esse título está reservado para aqueles cidadãos que, nascidos fora de Porto Alegre, conseguem destacar-se em nossa sociedade, nas atividades que resolveram desenvolver.

Nosso homenageado tem formação em uma especialidade extremamente vital para as suas funções, administrador de empresas, na qual ele é mestre. Como militar é um grande estrategista, desenvolveu seus dotes visitando instalações militares e empresas ligadas ao Sistema de Defesa dos Estados Unidos, entre outras tantas atividades, algumas já citadas aqui pelo meu querido amigo Ver. Reginaldo Pujol. Destacou-se como militar e publicou diversos trabalhos na revista A Defesa Nacional e em outras onde pôde demonstrar seus conhecimentos nas áreas de organização e planejamento, tanto militar como empresarial.

Acredito que foram esses dotes que fizeram nascer no coração do jovem coronel a necessidade de defender nosso País e o patrimônio de seu povo, constituído pelas suas riquezas naturais e aquelas construídas pelas mãos dos homens do apetite voraz de alienígenas que querem apenas o lucro pelo lucro, sem se importar com o destino dos homens, mulheres e crianças que buscam aqui condições para uma vida melhor. Esse sentimento, digno de ser abrigado apenas no âmago dos nossos heróis, daqueles homens que, não importando quais as razões, resolvem colocar os interesses do coletivo à frente dos seus, é o sentimento daqueles que são capazes de sacrificar sua própria segurança, seu próprio conforto, a fim de que a sociedade ideal, que todos almejamos, possa ser alcançada. Foi assim que agiu nosso homenageado, quando colocado na frente dos interesses do GBOEX. Foi assim que ele se comportou, abrindo mão de ofertas, para muitos, irrecusáveis para enfrentar o ódio e a violência de grupos cujos interesses contrariavam até mesmo os interesses nacionais.

A previdência é tão importante para a nação como o é a segurança nacional. Imaginem se tivéssemos tormentas maiores abatendo-se sobre essa área. Imaginem se os nossos trabalhadores do passado perdessem o direito à garantia do descanso ou de dias melhores quando atingem idades mais avançadas. O País sucumbiria com certeza. Sabemos que a situação atual não é a ideal, mas imaginem que ela poderia ser muito pior, e, tenho certeza, quanto mais os estrangeiros assenhorarem-se de nossa previdência, mais intranqüilidade teremos, mais o amanhã será uma incerteza, porque o idealismo deixará de existir e os laços que unem irmãos a irmãos serão fragilizados.

Esse tipo de ideal nobiliza mais ainda o nosso novo Cidadão de Porto Alegre. Nascido em São Borja, terra que deu origem a outros grandes brasileiros que lutaram pela redenção do nosso povo, Omar Dias Lima é o responsável principal pelo grupo GBOEX continuar sendo exclusivamente nacional. Evidente que essa homenagem deve ser estendida a todos aqueles que resistiram ao lado desse grande homem. Todos devem sentir-se parceiros em todas as referências que fiz desta tribuna. Mas, com certeza, o Coronel Omar é o grande comandante desta vitória.

Parabéns pelas decisões tomadas com acerto, parabéns pelo seu desprendimento, cumprimentos pela sua nobreza, e que esse título sirva-lhe como incentivo para que novas ações sejam realizadas no sentido de engrandecer o grupo a que pertence e com o objetivo de construir dias melhores para os nossos cidadãos. Que o GBOEX, presidido por V. Senhoria continue sendo o ancoradouro seguro para os barcos da vida que, após enfrentarem as maiores borrascas, sintam-se premiados pela paz e tranqüilidade refletidos pelo espírito divino. Que novas conquistas sejam possíveis e que outros homens e mulheres possam espelhar-se nas ações de tão garboso guerreiro. Parabéns! Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença entre nós de Antônio Carlos Carneiro; Egeu Corrêa de Oliveira Freitas; Raul Regis de Freitas Lima; Walter Polli; Décio Rubim e da representação do Dep. Onix Lorenzoni, através da Profa. Marili M. Rodrigues, a quem todos nós solicitamos que se considerem integrando a Mesa Diretora dos trabalhos.

O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra, pela Bancada do PPB.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: (Saúda os presentes.) Hoje estou realizando uma intervenção de tribuna sui generis, porque saúdo um homem e não trago nada escrito. Os Vereadores Luiz Braz e Reginaldo Pujol devem ter reparado nisso. Disse a mim mesmo que iria falar ao homenageado pela terceira vez este ano, logo não posso levar nada escrito. Não posso acrescentar nada a ele. Tem que ser de improviso. E vou fazer.

Aspirante Lima Dias, eu me lembro perfeitamente que o vi chegar no 19 RI. E não é um Regimento qualquer, é um Regimento de Infantaria pronto para emprego, em qualquer ponto do País ou do estrangeiro. Chegava esse rapaz, sério, quieto, silencioso, moderado, eficientíssimo, assim como ele é hoje. Não creio que tenha mudado muito e também não me atrevo a perguntar à esposa dele. E o que fez esse homem depois da vivência do 19 RI? Praticamente, eu o perdi de vista, porque ele se foi com o Batalhão de Suez, como Primeiro-Tenente e conquistou a grande façanha: a Escola de Comando do Estado Maior, como Capitão. O que, na verdade, é uma façanha, porque indica um oficial profundamente precoce na sua carreira. E, daí, ele partiu. Comandou o Batalhão Tuiuti e foi Chefe do Estado-Maior. Aliás, um Infante numa divisão de infantaria comandada por um cavalariano. Não entendi coisa alguma, mas, praticamente as coisas do Exército são assim. E foi, também, Chefe do Estado Maior da III Região Militar. Então, é esse homem que nós estamos, agora, com seu passado militar, destacando a sua investida para o mundo civil, também moderada, também quieta, também silenciosa. É uma característica de personalidade. Alguns quilos ele acrescentou ao físico, mas a sua personalidade, eu posso afiançar, sempre foi um homem bastante moderado, virtuoso, sério. Veio a ser Chefe do Estado Maior da III Região Militar, mas, com a vida que  teve, civil, que se especializou em Administração de Empresas, repentinamente, teve uma grande missão, o GBOEX corria perigo.

O Ver. Luiz Braz citou, até certo ponto, o drama que o GBOEX passou. Repentinamente, o GBOEX teve como possibilidade de tomar outro rumo e o Lima Dias com o pulso firme, silencioso, consciencioso, moderado soube empolgar esse comando e levar o GBOEX para um rumo certo. Foi uma eleição difícil, não quanto aos resultados, mas uma eleição difícil com a possibilidade de nós perdermos o comando, a direção desta formidável organização que é o GBOEX.

Então, o meu companheiro Reginaldo Pujol, que teve essa visão de conceder o título de Cidadão Emérito para o Lima Dias, quando sugeriu neste Plenário, esta possibilidade, claro que todos, por unanimidade, aceitaram, mas eu, modestamente, me reservei a não falar, porque eu ia falar pela terceira vez para o Lima Dias. Mas o Lima Dias cumpriu missão! Então eu lembro de uma passagem, e o Egeu vai gostar, de Napoleão nas estepes da Rússia. Nas estepes geladas da Rússia, quando rumava para os cem dias. Napoleão sabia que o exército que ele deixava, ía ser destruído. O inverno e a infantaria Russa iam dizimá-lo. E na “cabriolé” em que ele se deslocava, quase que fugindo para Paris, resolveu parar na viagem e, na trincheira, percebeu um velho soldado dele, o sargento Jean. Como fazem os militares, que empolgam o subordinado, com uma reprimenda, mas a reprimenda é um elogio, ele disse para o Jean: “Mas como, Jean, você aí nessa trincheira, enregelado, completamente encolhido, encarquilhado, onde está aquele homem que comigo combateu em Auterlitz, Marengo, nas Pirâmides?” E Jean respondeu-lhe, do fundo da trincheira, como se dirigiam os militares: “Senhor, mas, no meu posto.”.

Você esteve no seu posto em um momento de muita dificuldade para o GBOEX, por isso O Ver. Reginaldo Pujol teve muita razão em dar-lhe, antecipadamente, já prevendo a sua personalidade silenciosa, moderada, discreta, de homem que comanda. Para que pudesse chegar onde chegou, com uma vitória estrondosa e entregar o Estatuto ao Egeu, para que pudesse, depois de tudo, dar, a toda a família militar, uma pretendida satisfação: o que você disse, você cumpriu. Você estava no posto.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Convidamos o Ver. Reginaldo Pujol para fazer a entrega do título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Omar Lima Dias. Convido, também, o Ver. Pedro Américo Leal para que acompanhe o Ver. Reginaldo Pujol. Solicito ao Ver. Pedro Américo Leal, juntamente com o Sr. Carlson Janes Aquistpasse, que entreguem a medalha de Porto Alegre ao homenageado.

 

(É feita a entrega do título e da medalha.)

 

A Sra. Maria Regina Pujol, esposa do Vereador proponente, fará a entrega de flores à Sra. Giselda, esposa do homenageado.

 

(É feita a entrega de flores.) (Palmas.)

 

O Sr. Omar Lima Dias está com a palavra.

 

O SR. OMAR LIMA DIAS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Gostaria, neste momento em que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre me honra com a concessão de Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, de me permitir realizar algumas reflexões que julgo importantes, nesta data tão significativa para mim.

Sejam as primeiras as dirigidas aos meus saudosos pais que, em data tão distante, decidiram, num ato de carinho, deixar a cidade natal de São Borja, para, enfrentando o desconhecido, trazer seus filhos, todos pequenos, para que fossem educados em Porto Alegre, cidade próspera e garantidora de um futuro melhor: Elias e Odolontina, meus queridos pais, hoje, nas mãos do Senhor, hão de estar felizes com o tributo que é concedido ao seu mais modesto filho.

Aos meus irmãos, aqui presentes, Octaviano, Jayme e Terezinha, companheiros de todos as horas, sempre tão carinhosos e amigos, desejo externar que, mesmo nas minhas andanças de soldado pelos caminhos do mundo, nunca deixei de reconhecer o apoio que sempre me dedicaram.

À minha esposa, Giselda, e a meus filhos, Omar e Mariluce, todos nascidos nesta generosa Cidade, dedico meu reconhecimento pelo carinho, pela compreensão e apoio em todos os momentos da existência e, em especial, nas agruras da vida andante em terras distantes.

Aos amigos de infância da Praça Jayme Telles, aos colegas da Escola São Francisco do saudoso Padre Afonso e de Dona Aurinha, a minha professora das primeiras letras, aos colegas dos Grupos Escolares Osvaldo Aranha e Inácio Montanha e à Dona Gauchita, as minhas recordações mais saudosas. Aos amigos e colegas do Colégio Júlio de Castilhos, meus colegas da Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre, que me honram com as suas presenças, minhas mais caras recordações.

À Porto Alegre dos sonhos de criança e dos risos da juventude, as minhas saudades, mescladas com as minhas mais ternas lembranças da Rua da Praia, dos bondes amarelos e sacolejantes, da Ponte de Pedra, do Cinema Imperial, da Festa do Divino, do Congresso Eucarístico.

Ainda passam diante dos meus olhos o Charuto, com seu grito de guerra ao querido Co-Co-Colorado, o rolo compressor, o rolo compressor de sempre, também me passam pelos olhos, ainda, o Fanha a resmungar pelas derrotas do Grêmio, e vitórias também, a Maria Chorona, figura tão querida na esquina da ladeira, a cantar “Correio, Folha, Diário”. Também vejo a venerável figura de Dona Palmira Gobbi, que, na Rua da Azenha, vi, um dia, dar de relho num mau carroceiro que maltratava o triste e magro cavalo.

Saúdo, neste momento, esta terra maravilhosa, de tantos vultos importantes que deram projeção ao Rio Grande e ao Brasil. Saúdo Porto Alegre, de onde parti tantas vezes com desejo de voltar. Ainda ecoam em meus ouvidos os aplausos na ida para a distante terra do Suez e a alegria da volta. Desejo externar, por derradeiro, os meus mais sinceros agradecimentos à Câmara de Vereadores de Porto Alegre, a todos os seus integrantes pela concessão deste Título que me enche de orgulho e de emoção. Ao meu ilustre proponente Ver. Reginaldo Pujol, pelas suas palavras maravilhosas, por tudo que fez para essa indicação, a minha gratidão perene, por ser o catalisador deste intento. Aos prezados amigos Ver. Luiz Braz e Pedro Américo Leal, meus agradecimentos por tão eloqüentes palavras que me foram ditas. Que esta Casa, de tão caras tradições, palco de acaloradas discussões envoltas nos mais sadios propósitos de bem servir à comunidade, continue a pautar com grandeza os destinos de nossa comunidade. São os votos deste grato porto-alegrense. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos, em primeiro lugar, agradecer a presença de todos os senhores e senhoras. Mais uma vez eu gostaria de cumprimentar o meu amigo Reginaldo Pujol pelo brilhantismo com que ele sempre conduz a sua trajetória política aqui nesta Casa e que hoje fez com que ele pudesse estar à frente desta homenagem prestada ao Omar Lima Dias.

Meus cumprimentos ao meu amigo Pedro Américo Leal, que é um homem extremamente sábio e, quando está nesta tribuna, faz com que todos nós, realmente, possamos aprender um pouco com os seus conhecimentos de longa data nos parlamentos do Rio Grande do Sul. Digo a todos os senhores e senhoras que esta homenagem não vai-se encerrar aqui quando estivermos cantando o Hino Rio-Grandense; após cantarmos o Hino Rio-Grandense, será servido um coquetel aos Srs. Convidados.

Eu tenho certeza absoluta, Cel. Omar Lima Dias, de que esta homenagem não se encerrará logo após o coquetel, porque ela será eterna, é uma homenagem de todos os cidadãos de Porto Alegre representados neste Projeto apresentado nesta Casa pelo Ver. Reginaldo Pujol para entregar-lhe o Título de Cidadão de Porto Alegre. O senhor integra agora a galeria dos homens mais importantes que existem nesta terra, aqueles homens que são reconhecido por este Parlamento. Aqui, nesta Câmara de Vereadores, está a representação de toda a sociedade e quando a sociedade escolhe um homem para ser reverenciado, e o senhor o foi neste instante, esta reverência é feita para toda uma vida. Então os nossos cumprimentos ao senhor, mais uma vez, e parabéns ao proponente, meu amigo Ver. Reginaldo Pujol. Muito obrigado.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(É executado o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h30min.)

 

* * * * *